13.2.18

Império do dentro (II)



A excitação de quem se acha destinado: o dia abre-se, o mundo obedece a sua excelência, como um vitelo dócil. Tardes infindas onde, afinal, o desejo se descobre bem maior do que qualquer feito. Uma festa, dança e insinuação de disponibilidade e força para conquista, um teatro animalesco, a ferocidade revestida pela delicadeza, enquanto os delicados exasperam com tanta ferocidade contida. As mãos vazias, um dia passou, mas ainda não desapareceu o espanto diante de tudo quanto poderia ter sido. E quando não é assim, não estamos vivos, apenas o estaremos se iludidos. O que é triste, mas não menos trágico. Doravante observando e continuando sem compreender, esperando a mão malévola que apontará para o pêndulo. Até lá, sentimo-nos excluídos do mundo dos sentimentos, de quem sabe como viver. E é como se não sentíssemos, mal suportando a dor de não termos vivido o suficiente. A mulher olhando, confrontada com o radical vivido, sabendo como previsões fecham o mundo.

Mas é claro, a ironia — vá, faz, só que não.


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