9.4.13

Hungria


"Desempregado há quase duas décadas -como muitos milhares de húngaros, num país que, desde 1989, passou do pleno emprego para a segunda taxa mais baixa de emprego da Europa -, desde que a fábrica de roupas em que trabalhava, em Budapeste, foi privatizada, János foi dos primeiros a experimentar o kozmunka, "trabalho público", decretado pelo Governo de Viktor Orbán, no ano passado. Ele é um dos 400 mil desempregados, arregimentados para um gigantesco programa de obras públicas. Ao fim de 180 dias de subsídio, os desempregados são chamados. Se János rejeitasse, perderia o direito aos 80 euros que o Estado lhe paga. Se o seu trabalho, ou comportamento, não agradar pode perder o direito a qualquer apoio do Estado, durante três anos. O modelo é a China, assegurou Orbán, no final de junho de 2011: "Um país que não foi dominado pelas ideias ocidentais de esquerda, de que perder tempo com livros é a melhor maneira de melhorar os indicadores económicos. Ali, o trabalho é o pilar."


Conta Foucault que junto nas naus dos loucos iam os que não trabalhavam ou queriam trabalhar. Juntavam-se a loucos, deficientes, alcoólicos. Todos possuíam uma falha moral que urgia eliminar. A razão, manifesta nesta vontade de purificar o que se afigura conspurcado, pode engendrar monstruosidade.


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